terça-feira, 25 de novembro de 2008

Fernando Gurgel - Prefácio

"Atípico a nossa vontade de escrever, surgem peneiras ao pronto véu de leitos profundos onde as palavras se confundem com o desejo de pleitear novos textos que nossos corações jamais conseguiriam expressar" (Fernado Gurgel)
Sejam todos bem-vindos a
CRÔNICAS DO ZÉ BOBBIO

Como tudo começou (Grandeee Zé Bobbio!)

Aquela noite de quarta feira já corria típicamente embriagada quando os amigos decidiram por fim tomar mais algumas no bar de sempre.
A noite ia bem, falavam dos assuntos que sempre ocorriam no final da noite (decepção amorosa, ruína financeira e depressão) quando são interrompidos pelo cumprimento quase eufórico de algumas pessoas ao lado da mesa. Era um grupo de homens maduros, conhecidos no circuito cultural da nossa pacata capital sul-matogrossense. Mas que teve grande repercussão em seu seleto grupo:
- Graaaannnndddeeeee Zé Bobbio! Esse é o grande Zé Bobbio! Esse é o cara!
E quando todos nos viramos (sim, somos nós!) para ver quem seria a lendária figura que era apresentada, nosso querido Tino desperta de seu sono alcoólico, levanta a cabeça que pesava pêndula no pescoço e abre um sorriso intrigante. (Tino levantando a cabeça e sorrindo no final da noite, era algo preocupante).
E antes que qualquer um de nós pudesse objetar, ele ergue o copo cheio de cerveja em direção ao grupo ao lado e fala no mesmo tom festivo:
- Graaaannnndeeee Zé Bobbio! Aquele é o grande Zé Bobbio, pessoal!
Nos entreolhamos e percebemos que os homens somente se deram ao trabalho de dar uma olhadela ao nosso amigo embriagado.
- Tino, sossega.
- Tino, cala a boca.
- Tino!
Mas o álcool já havia começado seu trabalho e Konstantin era apenas um joguete nas divertidas garras do destino.
- Hey, Zé Bobbiooo!!! Gente, é o Zé Bobbio! – dizia, divertido, enquanto apontava o homem.
Não sabíamos quem era o tal, mas “era o tal” segundo seus amigos e claro, segundo Tino, que ria e participava ativamente da conversa estranha à nossa mesa.
Assim continuou até que, acho, acabou cansando-se de ser ignorado pelos seus “camaradas” e soltou a frase indignada:
- Zé Bobbio, eh? Grande coisa! Eu sou Tino Almeida!!!
E não contivemos por fim uma gargalhada que já estava entalada após mais de meia hora assistindo ao monólogo do Tino...
Saímos arrastando o Tino do lugar e, quando nos encontramos sóbrios, ele mesmo não lembrava se havia pago a conta do bar. O que nos rendeu alguns dias sem aparecer por lá.
Mas com o tempo, extratos conferidos e a história devidamente aumentada, percebemos que o espírito do grande Zé Bobbio sempre nos acompanharia nas pequenas incursões noturnas e alcoólicas que faríamos após o incidente.
No decorrer da noite, em algum momento antes da completa bebedeira, os três invariavelmente se olham e começam a rir...
- Grandeeee Zé Bobbio!
Grandes Tino, Fer e Ale! Amigos, confidentes e beberrões de plantão! Que a noite seja sempre nossa...